O Fantástico teve acesso a informações de mais de 20 mil internações hospitalares com suspeita de fraudes, feitas de 2008 a 2013.
Texto:Globo
Os repórteres Paulo Renato Soares e Mohamed Saigg tiveram acesso com exclusividade a mais de 20 mil fichas hospitalares suspeitas de fraudes e erros grosseiros.
Na Bahia, o homem que deu à luz! Em Rio
Bonito, o irmão de Ana morreu duas vezes! Em Maricá, a mulher que tirou a
próstata. E em São Paulo, encontramos o rapaz que já morreu.
Acredite: esses casos são a prova de que
hospitais em todo o Brasil operam milagres na hora de cobrar por
atendimentos pelo SUS - o Sistema Único de Saúde.
Fraudes que tiram milhões de reais da
saúde brasileira. E erros que revelam a fragilidade de um sistema criado
justamente para melhorar o controle sobre as internações.
Ednilton mora em uma casa, na periferia de
Salvador. É casado e tem três filhos. Ele procurou o hospital geral
Roberto Santos, em 2011, para fazer uma pequena cirurgia. A instituição
apresentou a fatura e recebeu do SUS pelo serviço.
Ednilton Silva: Eu entrei pela parte da tarde e sai no outro dia pela manhã.
Fantástico: Não deu nem 24 horas?
Ednilton Silva: Não.
Fantástico: Não deu nem 24 horas?
Ednilton Silva: Não.
Mas o que ninguém sabia até agora é que o
hospital apresentou uma outra conta sobre a passagem do paciente naquela
época. A fatura tem um período de internação maior, valores mais altos.
E um procedimento no mínimo surpreendente para um homem. Segundo o
registro, Ednilton passou por uma cesariana, teria feito um parto. E o
SUS pagou por isso.
Ednilton: Em contrapartida, ainda querem inverter minha posição, né?
Mulher: Querem fazer você de mulher, né?
Mulher: Querem fazer você de mulher, né?
O documento usado pelas instituições de
saúde - públicas ou particulares - para cobrar os gastos com um paciente
internado pelo SUS é a AIH - Autorização de Internação Hospitalar.
Se um paciente precisa ser internado, uma
AIH é aberta em seu nome. Ali devem constar dados pessoais e todos os
procedimentos médicos pelos quais passou. Assim que a pessoa recebe
alta, a AIH é encaminhada para o SUS.
O Sistema Único de Saúde libera o
pagamento composto por verbas federais, estaduais e municipais para os
hospitais. A AIH do parto de Ednilton mostra que ele teria ficado seis
dias internado. Custo: mais de R$ 1 mil reais.
Ednilton: Uma falha muito grande, né?
Fantástico: E aqui tá dizendo que o motivo de saída é que você teve alta e o recém-nascido também.
Morto duas vezes
Em Rio Bonito, no interior do estado do Rio, a morte do aposentado Sinésio da Costa Pereira, há quase cinco anos, foi muito difícil pra família. Ele ficou internado por quase três semanas com várias complicações. Foi sepultado em 21 de dezembro de 2008.
Sinésio morreu na clínica Santa Helena, em
Cabo Frio, também no estado do Rio. Mas, pelos registros do hospital, a
história dele não termina aí. Ele teria voltado à clínica em março de
2009, pelo que consta numa segunda AIH aberta em nome dele. E depois de
21 dias de internação teria morrido pela segunda vez.
Fonte: www.g1.com.br
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