Avó do jovem Josias chora sobre o caixão do neto no enterro
Após o velório ao longo da madrugada e da manhã desta terça-feira (11), em um ginásio municipal de Nilópolis,
na Baixada Fluminense, os corpos dos seis jovens mortos na chacina
ocorrida no Parque do Gericinó, em Mesquita, foram enterrados pouco
depois de 14h. O grupo desapareceu no sábado (8) quando foi tomar banho
em uma cachoeira próxima à Favela da Chatuba.
"Só quero dizer para esses vagabundos que isso não vai ficar impune. Se
a polícia continuar na Chatuba, vão encontrar muitos corpos ainda",
disse Sildis Vieira, pai do jovem Christian, de 19 anos, um dos dois
mortos que permaneceram com o caixão fechado no velório, junto com
Glauber Siqueira, de 17. Além deles, foram enterrados Victor Hugo Costa e
Douglas Ribeiro, de 17 anos, e de Josias Searles e Patrick Machado, de
16 anos.
As vítimas foram encontradas na segunda-feira (11), em uma área perto da Via Dutra, em Jacutinga. Elas estavam lado a lado, enroladas em lençóis, nus, amordaçadas e com sinais de facadas e marcas de tiro.
Cerca de 400 pessoas, entre familiares e amigos, acompanham emocionadas
o velório. Algumas delas, como a mãe de Glauber, desmaiaram no local. A
quadra do ginásio municipal ficou lotada. Polícia Militar e Guarda
Municipal reforçaram a segurança do local.
Os corpos chegaram ao longo da madrugada. Às 6h30, cinco corpos já
estavam sendo velados. O corpo de Douglas Ribeiro foi último a chegar.
Camisa usada por amigos que não quiseram se identificar
Parentes dos seis jovens mortos na chacina passaram a segunda-feira
(10) no Instituto Médico Legal (IML) do Rio, onde fizeram o
reconhecimento dos corpos. No início da noite, carros da funerária e da
Defesa Civil começaram a sair do prédio para levar os corpos dos rapazes
para a Santa Casa. Um trabalho que terminou no começo da madrugada. De
lá, começaram a sair para o velório.
Caixões de Victor e Josias (Foto: Renata Soares/G1)
O prefeito de Nilópolis, Sérgio Sessim, decretou luto de três dias na cidade pelas mortes ocorridas na região.
Investigações
As investigações da polícia apontam para a participação de pelo menos 20 traficantes na chacina, segundo o delegado Júlio da Silva Filho, titular da 53ª DP (Mesquita). De acordo com o delegado, além do assassinato dos rapazes, os criminosos também seriam os responsáveis pela morte do pastor Alexandre Lima e de um aspirante a PM. A polícia também investiga o desaparecimento de José Aldecir da Silva, que acompanhava o pastor na comunidade.
O delegado disse que todas as mortes foram comandadas por Remilton
Moura da Silva Júnior, conhecido como Juninho Cagão, chefe do tráfico de
drogas na Chatuba. Ainda segundo a polícia, há a hipótese de o PM ter
sido torturado na área do parque pelo grupo criminoso.
Os seis jovens saíram de casa sábado (9), em Nilópolis, na Baixada
Fluminense, para ir a uma cachoeira que fica próxima à Favela da
Chatuba, em Mesquita, e também ao Campo de Gericinó, área militar do
Exército Brasileiro. De acordo com o delegado, eles teriam sido mortos
por morarem em uma comunidade pertencente à facção criminosa rival aos
traficantes da Chatuba.
O irmão mais velho de Patrick Machado, um dos seis jovens assassinados, afirmou ao G1 que os adolescentes foram confundidos com traficantes rivais aos da Favela da Chatuba. "Pegaram os garotos pensando que eram ‘os alemão’ (sic) invadindo a Chatuba".
"A gente foi até a Chatuba desenrolar com o gerente da boca de fumo da
favela. Ele disse que os meninos foram confundidos com traficantes",
contou o irmão, que não quis se identificar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário