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terça-feira, 13 de novembro de 2012

Jornais estrangeiros tratam condenação de Dirceu como caso histórico

O Globo


 O ex-ministro José Dirceu foi condenado a dez anos e dez meses de prisão, que poderá cumprir em regime semiaberto, após um ano e nove meses de cadeia Foto: Mauricio Lima/AFP/17-6-2005
O ex-ministro José Dirceu foi condenado a dez anos e dez meses de prisão, que poderá cumprir em regime semiaberto, após um ano e nove meses de cadeia.

RIO - Os jornais estrangeiros trataram a condenação do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu na segunda-feira como a mais dura sentença por corrupção contra um político do alto escalão do governo no Brasil. O Financial Times destacou que a decisão do Supremo Tribunal Federal abriu um precedente no país, cujas elites agem frequentemente com a certeza da impunidade.

“O caso está sendo considerado como um divisor de águas em um país onde os políticos e as elites são acusados de usar um sistema jurídico ineficiente para agir com impunidade”, escreveu o “Financial Times”. “O Brasil tem uma longa e pitoresca história de políticos que cometem crimes e escapam da punição, com a Suprema Corte condenando nenhum até esse caso”, acrescenta.

O jornal cita o ex-presidente Fernando Collor, ‘que hoje é senador apesar de ter sofrido impeachment por por corrupção”, e o pai dele, Arnon Mello, “um senador que assassinou outro senador na Casa em 1963 e nunca foi punido pelo crime”.

O Financial Times encerra matéria dizendo que o ex-presidente Lula insiste que não sabia nada sobre o esquema.
O “New York Times” descreveu José Dirceu como uma das figuras mais poderosas do governo do Partido dos Trabalhadores. Segundo o jornal americano, ele foi condenado a quase 11 anos de prisão “por orquestrar um vasto esquema de compra de votos que abalou o sistema político brasileiro”.

O jornal reproduziu a opinião do professor de Direito da FGV Thiago Bottino, que também é consultor do GLOBO na cobertura do julgamento: “A extensão da sentença para um político influente e a mera possibilidade de ele cumprir parte da pena na prisão, antes de receber liberdade condicional, atua como um precedente histórico na cultura política do país em que a impunidade em casos de corrupção que tradicionalmente prevalece”.

O jornal americano noticiou ainda a condenação de José Genoino e ressaltou que “falta ver ainda se os condenados vão realmente para a prisão e quando”, pois a defesa ainda vai tentar protelar o cumprimento da sentença.

“É muito raro no Brasil um político do alto escalão passar muito tempo na prisão por corrupção ou outros crimes”, conclui o jornal.

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