Parentes das quatro vítimas de homicídio que faleceram no Hospital de Urgência e Emergência de Sergipe (Huse) estão neste momento no Instituto Médico Legal (IML) liberando os corpos. A equipe do Portal Infonet acompanha a tragédia no hospital, onde na noite da sexta-feira, 27, um tenente da Polícia Militar identificado como Genilson Alves entrou na unidade de saúde e assassinou três pessoas.
A informação da Secretaria da Segurança Pública (SSP) é que o militar
foi até o Huse para acompanhar o estado de saúde do seu irmão,
identificado como Jailson Alves de Souza, que teria se envolvido num
tiroteio no bairro Santa Gleide. Ao ser informado do falecimento de
Jailson, o militar desferiu vários tiros nas dependências do Huse.
Os tiros mataram Márcio Alberto Santos, de 30 anos; Cledson dos Santos,
de 21 anos e Adalberto Santos Silva. Em nota publicada, a SSP diz que
Adalberto Santos Silva alvejou o irmão do policial na troca de tiros que
ocorreu no bairro Santa Gleide.
A equipe da Infonet esteve no IML na madrugada deste sábado,
28, e conversou com os familiares do encarregado da empresa Torre,
Cledson dos Santos. Assustados com a ação do militar e temendo
represálias eles preferem não ser identificados.
O primo de Cledson conta que ele saiu de casa na noite da sexta-feira
para abastecer a motocicleta com o intuito de sair com a namorada, mas
no caminho foi alvejado por dois tiros de bala perdida nas costas. “Ele
estava passando na rua e estava tendo um tiroteio e uma das balas o
alvejou. Esse tiroteio foi o mesmo que o irmão do policial estava. Mesmo
ferido ele conseguiu ir até a casa de um colega e pedir ajuda dizendo
que estava sentindo uma queimação nas costas. Esse colega foi até a casa
dele e chamou o pai e irmão dele que levaram meu primo até o Huse”,
conta o familiar da vítima que ressalta que Cledson deu entrada no Huse
consciente e andando.
O irmão da vítima que diz também ter sido alvo de agressão por parte de
um PM na porta do hospital chama atenção para o fato de que o irmão foi
assassinado na frente do pai, um ex-funcionário aposentado do mesmo
hospital.
“Meu pai trabalhou no Huse durante 11 anos e ele estava fazendo a ficha
do atendimento do meu irmão quando ouviu meu irmão falar para esse
policial - eu não tenho nada a ver com esse tiroteio não, estava apenas
passando na rua quando fui alvejado-. Ele ainda chamou meu pai e disse -
pai esse policial está falando que matei o irmão dele-. Nessa hora meu
pai viu quando o policial pegou a arma e executou meu irmão”, desabafa.
Visivelmente abalado, o irmão da vítima conta que Cledson completou 21
anos na semana passada e lembra que toda família participou da festa.
“No domingo toda a família estava reunida comemorando o aniversário
dele. Meu irmão era um homem trabalhador estava começando a vida, ele
nunca teve envolvimento com nada errado e foi morto na frente do meu
pai”, lamenta.
Antes do crime
“Eu estava no hospital acompanhando meu pai e meu irmão e fiquei do
lado de fora aguardando noticias. De repente chegou um monte de policial
juntamente com esse que matou meu irmão entrando no hospital e minutos
depois ouvi muitos disparos. Todos que estavam do lado de fora ficaram
desesperados sem saber o que estava acontecendo, foi neste momento que
meu pai saiu e disse que a polícia tinha matado meu irmão. Fiquei
desesperado querendo entrar no hospital e um policial me agarrou e me
deu um tapa no rosto”, afirma o irmão da vítima que prestou Boletim de
Ocorrência contra a ação do PM.
Justiça
“Meu irmão foi vítima da violência por duas vezes, quando foi alvejado
por bala perdida e depois quando foi morto por um PM que os próprios
amigos da polícia ajudaram a acobertar”, diz.
A equipe do Portal Infonet continua acompanhando o caso e
trará mais informações a qualquer momento. Parentes das outras
vítimas também podem entrar em contato com a redação de jornalismo da Infonet, por meio do (079) 21068000 ou jornalismo@infonet.com.br.
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