O clube que eles vão
defender ainda não está decidido, e antes de viajar alguns deles
passarão por um reforço com alimentação especial, consulta com psicólogo
e academia.
Portugal receberá em breve uma nova leva de jovens jogadores oriundos
do Brasil. Todos têm em comum o destino de origem: Lagarto, cidade do
Interior do Sergipe que viu nascer Diego Costa. Não é por acaso que o
pequeno município sergipano voltará a alimentar o mercado europeu com
promessas dos gramados.
Sete anos depois de ter deixado o país para uma aventura sem garantia
de sucesso na Europa, Diego Costa garimpa talentos de sua terra natal e
oferece assessoria no Velho Continente.
A ferramenta de captação é a Bola de Ouro, escolinha de futebol na
qual o atacante disputado pelas seleções de Brasil e Espanha deu os
primeiros chutes e que agora ele financia. Da conta de água às compras
na feira, tudo é responsabilidade do atleta, inclusive o gerenciamento
da carreira dos meninos que não param de chegar desde que o herói local
virou assunto nacional por ter preterido a seleção brasileira pela
espanhola.
"Essa semana foi um inferno! Depois das reportagens começou a vir
garoto de tudo que é lugar, 180, 200 garotos. Há uns cinco anos tinham
só uns 60 aqui", conta Flávio Augusto, técnico que revelou Diego Costa e
hoje é encarregado da Bola de Ouro.
Com a ajuda de 11 profissionais, todos remunerados, Flávio organiza
treinos de quarta e sexta-feira nos três campos cedidos pela prefeitura e
divididos com times de várzea e grupos de ‘pelada'. O trabalho do
professor é um sucesso, e a escolinha se tornou, inclusive, a categoria
de base do Lagarto Futebol Clube, equipe profissional que disputa a
primeira divisão sergipana. Sem condições financeiras de bancar divisões
inferiores, a equipe da cidade simplesmente incorporou o projeto.
"Praticamente todos os jogadores já colocamos no Lagarto, nem fazemos
peneira. Sub-13, sub-15, sub- 17, estamos participando de todos os
campeonatos do Sergipe", diz Daniel Lino, presidente do clube. Assim
como a escolinha, ele pretende atrair o apoio financeiro de Diego Costa
para sua agremiação.
O Lagarto não venceu o Campeonato Sergipano e tampouco a Copa
Governador, pré-requisitos para se classificar à Copa do Brasil. Porém,
como o Sergipe conquistou as duas competições, e o River Plate,
vice-campeão da Copa Governador, desistiu da sua vaga, o conjunto
lagartense ganhou um lugar no torneio nacional, e os meninos da Bola de
Ouro podem enfrentar um time grande do país no ano que vem. O presidente
Daniel Lino já entrou em contato com a federação estadual e espera que
os dirigentes locais ‘coloquem' uma equipe do porte de Flamengo ou
Corinthians em seu município. Na primeira fase da Copa do Brasil não
existe sorteio, e a CBF escolhe os confrontos a seu critério.
Empresários influentes
Sorte dos jovens que chamarem atenção dos profissionais do Lagarto e sorte maior ainda daqueles que já chamaram a atenção do staff de Jorge Mendes, influente empresário português que tem em seu portfólio de clientes ninguém menos que Cristiano Ronaldo, além de Diego Costa.
Dez desses meninos foram selecionados para atuar no futebol de
Portugal. O clube que eles vão defender ainda não está decidido, e antes
de viajar alguns deles passarão por um reforço com alimentação
especial, consulta com psicólogo e academia. A peneira foi feita por
Silva, empresário que trabalha com Mendes e que levou Diego para o
Braga, em 2006.
Berço de craques
Diego Costa, 2° em cima, da dir à esq, em Lagarto (Foto: Divulgação/Escolinha Bola na Rede) |
Não é de agora que Lagarto revela jogadores de futebol. Fabiano
Nascimento, hoje atuando em Pernambuco, Jorge Alberto, no Espírito Santo
e Bebeto, ex-Paulista de Jundiai, são alguns dos talentos que surgiram
antes da influência de Diego Costa e que são citados com orgulho pelos
lagartenses. Além deles, os jovens Paulo Sérgio, na base do Atlético-MG e
Cléverton, na base do Cruzeiro, são esperanças locais.
"Aqui no Sergipe tem muitas escolinhas, é um celeiro, é cultura
nossa. E vem gente do estado todo para Lagarto. Agora, com essa coisa do
Diego Costa, que faz questão de dizer que é daqui, nem se fala!", diz
Hélio Abreu. "São poucas opções na cidade, não tem teatro, cinema,
shopping, então o pessoal joga bola", teoriza Flávio Augusto.
O que mudou na escolinha desde a nova gestão é o cuidado com os
contratos dos jogadores. Flávio lembra que foi enganado muitas vezes até
passar a garantir de forma documental a participação na formação dos
garotos. Do Braga, time que negociou Diego Costa com o Atlético de Madri
em 2007, Flávio cobra os 5% do valor da transferência a que tem direito
o formador do atleta. A disputa está pendente nos tribunais da Fifa, na
Suiça.
Hoje, diz ele, todos os atletas têm os direitos federativos ligados
ao Lagarto. A divisão econômica dos jogadores que atuarão em Portugal,
segundo ele, será decidida no final do ano, quando Diego Costa vir ao
Brasil de férias.
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