O fato de uma jovem ter tomado
chumbinho e ter chegado a óbito no dia de ontem chama a atenção da
sociedade tanto pela facilidade da compra do veneno, quanto para o fato
de ainda existir preconceito contra homossexuais em Sergipe. Isso
porque, segundo informações, a garota de prenome Jessica, de 19 anos de
idade, era lésbica e chegou a tomar chumbinho depois de ter sido
pressionada pela namorada para assumir o romance para a família. Sem
coragem para enfrentar os familiares, amigos e até mesmo a sociedade,
Jéssica acabou tomando chumbinho.
Ela chegou a passar cinco dias internada no Hospital João Alves
Filho, mas não resistiu aos efeitos do raticida e chegou a óbito na
manhã de ontem. Como se não bastasse essa situação, a família ainda
enfrentou problemas no Instituto Médico Legal (IML) para a liberação do
corpo da jovem. "Estou aqui desde ás 9 horas da manhã, já são quase 16
horas e eles ainda não liberaram o corpo de minha sobrinha. Disseram que
só podem liberar após o laudo médico, mas o médico que está aqui no IML
disse que só vai fazer isso depois que examinar outros corpos", disse
angustiada a tia da jovem, que preferiu não ser identificada.
O presidente da Associação de Defesa Homossexual de Sergipe (Adhons),
Marcelo Lima, disse que, infelizmente, a sociedade ainda tem muito
preconceito com pessoas que se relacionam com outras do mesmo sexo. O
que leva muitos jovens homossexuais ao suicídio, ou a tentativas de
morte. "Infelizmente isso só vem ao conhecimento da família quando
acontece uma situação dessas. A família não aceita o fato de o jovem ou a
jovem serem homossexuais e há um número muito grande de tentativas de
suicídio aqui, em Sergipe, por conta disso", declarou.
Segundo ele, outro fato que chama a atenção é que o preconceito maior
vem da própria família. "Para um jovem assumir uma relação homossexual é
muito difícil. Muitos acabam entrando em um processo de depressão. Roda
e vira a Adhons recebe a informação de que um jovem foi espancado pelo
pai, ou que foi expulso de casa pela mãe. Os direitos são iguais para
todos, mas infelizmente vivemos em um país que não avança nesse sentido.
A educação familiar é pautada frente ao heterossexualismo. Ou seja, a
mulher tem que casar e ter filhos", lamentou.
Marcelo Lima disse que ele é um exemplo vivo do preconceito contra
homossexuais em Sergipe. "Sofri preconceito de gestores. Quando
entregava um currículo para pedir um emprego diziam: professor, você? Um
‘viado' professor de criança? Infelizmente, somos marginalizados. Essa
jovem, possivelmente, sofreu essa situação de marginalidade. Na verdade
são vários fatores que levam um jovem homossexual ao suicídio ou a
tentativa dele. Temos muitos casos de tentativas registrados na Adhons",
ressaltou. De acordo com ele, a entidade luta para que sejam
implantadas na Educação diretrizes de combate à homofobia.
por jornaldacidade.net
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