Essa frase pode salvar sua vida e diminuir as estatísticas de registros de violência. No ano passado foram mais de três mil casos no DAGV, este ano são quase 200 |
03/02/2011 - 07:29 |
“Sou vítima de violência, preciso de auxílio, meu marido é um agressor”. Com esta frase a Coordenadora do Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV), delegada Daniela Ramos Lima Barreto, recomenda que a mulher deixe de ser refém de uma violência que cresce assustadoramente em todo país. Em Sergipe, o quadro não é diferente: somente no ano passado foram registrados exatos 3042 pedidos de socorro.
Este ano todas as delegacias da mulher do Estado já receberam quase 200 casos. São histórias de mulheres que são torturadas física e psicologicamente, mutiladas, agredidas na sua auto-estima e que muitas vezes passam anos reféns do medo.
Para a delegada, a demora em levar o caso a uma autoridade policial pode custar a vida da mulher e destruir famílias. Daniela Ramos observa que os laços de afetividade entre agressor e vítima é
uma barreira na hora de procurar ajuda.
A delegada Daniela Ramos conhece o cotidiano de mulheres vítimas |
“A violência doméstica tem uma característica especifica. É uma violência em que o autor tem laços íntimos de afetividade ou de parentesco com a vítima. Esse tipo de violência não é igual a qualquer outra, ela tem um componente emocional e efetivo muito grande, que muitas vezes a gente inadvertidamente julga. Em virtude desse componente as mulheres já chegam aqui em uma situação em que a violência está com um quadro mais grave, em que a violência já gerou sequelas emocionais muito grandes para ela e para a família. Porque a violência doméstica não faz uma vítima, ela faz um universo de vítimas”, analisa a delegada.
"A mulher cresce aprendendo que a felicidade vem das mãos de um príncipe", diz delegada
O mito do cavalo branco
A delegada ressalta que mesmo sob extrema violência é possível mudar a realidade. Daniela Ramos reconhece que a maior dificuldade dessa mulher vítima de violência é essa tomada de decisão. “Somos criadas no mito de que a felicidade chega pelas mãos de um homem. Então, por mais que a nossa geração tenha sido formada para a independência e para o trabalho, no fundo a gente ainda está imerso na cultura muito forte em que as mulheres só conquistam as soluções, a felicidade, o sucesso e a tranquilidade na vida através das mãos de um homem. E se for bonito e montado em um cavalo branco melhor ainda”, analisa.
Para a delegada as mulheres sentem dificuldade para entender que elas podem mudar a história da sua vida. “Essas mudanças podem vir delas mesmas. Então, são geradas inseguranças. Será que minha família vai se desfazer? Como é que vou viver sem um companheiro? Como é que vou conseguir educar os meus filhos? E todos esses questionamentos vão enfraquecendo sua decisão e elas retrocedem da sua tomada de decisão”, destaca.
Por Kátia Susanna - infonet.com.br
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