terça-feira, 27 de março de 2012

Venâncio está certo: o silêncio da SSP assusta


Ao cobrar da Secretaria de Estado da Segurança Pública um esclarecimento para o caso Jonatha, que aos 16 anos acabou sendo morto - para a polícia num "tiroteio", para a família executado pelo Estado -, o deputado estadual Venâncio Fonseca (PP), foi seco: "o silêncio da SSP assusta".

O deputado, que preside a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia, ecoando as palavras do pai da vítima, observou que a polícia fala em tiroteio, mas não há uma só marca de bala no carro. E, lembrando que o garoto sequer tinha passagem pela polícia, enfatizou: a sociedade precisa de uma resposta convincente por parte da SSP.

É evidente que não se pode descartar a chamada presunção de inocência e pregar, neste momento, cadeia para os policiais que participaram da operação que resultou no drama. Até porque o julgamento é pertinência do Poder Judiciário, mediante um júri popular. E, obviamente, sob a acusação de um promotor público munido de provas irrefutáveis. Irretorquíveis.

Todavia, Venâncio tem razão quando fala que o silêncio da SSP assusta. Como já disse neste espaço, as ações são, no mínimo tímidas. A polícia parece que só acordou para a gravidade do fato quando o governador cobrou apuração e o pai do garoto bateu todas as portas possíveis. Mas antes disso... a impressão que se nutre é que se não fosse a inquietação de Araújo, jamais o corpo sequer seria encontrado.

Aliás, o próprio coronel Iunes disse que a missão foi dada ao GTA somente na última quinta-feira, dia 22. Ou seja, a polícia de Sergipe esperou, pacientemente, oito longos dias para fazer o básico: sobrevoar a área. E, curiosamente, teve êxito menos de 24h depois que Araújo reuniu familiares e amigos de Jonatha à porta da SSP exigindo justiça...

... O que chama mais atenção é que, paradoxalmente, a competência da polícia serve neste momento para depor contra ela própria. A polícia de Sergipe sempre dá respostas convincentes à sociedade. Algumas com incrível rapidez. E para casos mais difíceis. No caso em tela, sabe-se quais os policiais que participaram da operação. Logo, não há porque se protelar tanto para elucidar o caso.

Provavelmente, não deve faltar quem diga que não se passou tanto tempo assim. Que quem cobra age de forma açodada. Talvez tenham razão. A polícia precisa de tempo para concluir o inquérito. É muita responsabilidade. No entanto, há tanta evidência no caso em tela que nem Jó teria paciência para esperar o anúncio do óbvio. 

por Joedson Telles

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