sábado, 4 de maio de 2013

Quando o ciúme vira doença

Excesso de ciúme torna a pessoa obsessiva e violenta
Ciúmes: maiores vitimas são as mulheres(Foto: Portal Infonet)
Para muita gente sentir ciúmes do parceiro é até uma prova de amor. O problema é quando este sentimento ultrapassa todos os limites. De acordo com psicólogos, o ciúme “normal", seria mais um sentimento de zelo, que poderia ter uma conotação de proteção da relação, mas que não seria possessivo nem cercearia a vida do outro. Contudo, quando a pessoa vê em tudo uma ameaça que roubaria a pessoa amada, o ciúme passa a ser considerado uma doença.
De acordo com a psicóloga sergipana Talita Gueiros, uma pessoa com excesso de ciúmes se torna obsessiva, opressora e violenta. Essas são características que podem desencadear em crimes passionais. Ela relata ainda que há sinais claros de que aquelas excessivas demonstrações de amor viraram uma obsessão. “O ciúme pode ser considerado doentio, quando ele toma toda a cena do relacionamento. O casal vive às voltas com brigas motivadas pela fantasia de traição, abandono, desamor. O ciúme pode fazer parte esporadicamente da relação tornando-a mais atrativa, pois seria uma forma de olhar o companheiro(a) com o olhar de um terceiro, como se visse de fora e descobrisse algo que estava obscurecido pelo cotidiano”, explica a psicóloga.
A reportagem do Portal Infonet entrevistou pessoas que são assumidamente ciumentas, bem como as vítimas deste sentimento, muitas vezes obsessivos. A administradora A.L.L, de 27 anos, relata que apesar de estar casada há mais de 8 anos, promoveu inúmeras cenas de ciúmes em público para com seu atual marido. Ela conta que parou com o ciúme excessivo quando percebeu que estava acabando com sua relação. “Foram muitos os episódios de brigas em público que eu promovi. Eu sabia que era exagero, mas só de imaginá-lo com outra mulher ou de que eu seria trocada por outra, já me transformava. Tive que procurar ajuda com psicólogos para tratar o que depois se tornou uma doença”, relata.
Psicóloga Talita Gueiros "Uma pessoa com excesso de ciúmes se torna obsessiva, opressora e violenta"  (Foto: Arquivo pessoal)
Já C.J.S. de 28 anos, é também possessiva, mas em seu caso o ciúme não é do marido ou namorado e sim de amigos. Ela também precisou de ajuda médica para superar a questão. “Minha vida social estava acabando porque eu não admitia dividir um amigo. Se eles saíssem sem me convidar ou se falassem ou trocassem email sem que eu soubesse, ficava com raiva e criava intrigas. Só após perceber que eles se afastavam cada vez mais foi que percebi o quão absurdo era meu comportamento”, relatou.
A psicóloga explica que os comportamentos citados pelas duas mulheres demonstram que uma pessoa insegura, com baixa auto-estima, sentimentos de menos valia, tem a configuração necessária para desenvolver o ciúme que pode vir a ser patológico. “Seria importante nesses casos a procura de ajuda terapêutica, para que a pessoa pudesse fazer uma revisão de vida. A pessoa buscaria sua história, seus modelos de amor que lhe ensinaram a desconfiar da autenticidade de todo e qualquer amor. Através da psicoterapia é possível trabalhar a baixa auto estima e as situações que forjaram o ciumento”, conclui.
Crimes
Momento em que a vítima (Cristelane) foi liberada após 30 horas de cárcere privado(Foto: Arquivo Portal Infonet)
Os crimes passionais entre casais crescem a cada dia. Mulheres e homens são vítimas do ciúme prova disso são as agressões e os assassinatos. Alguns casos tomaram grande repercussão em Sergipe. Dentre eles o da vendedora Cristelane Caetano Mota Santos, na época com 21 de idade, foi mantida como refém pelo ex-marido José Elígio Tavares, por não aceitar a separação. Critelane foi mantida refém dentro da própria casa por 30 horas. O caso ocorreu em 2011 e tomou repercussão nacional. Cristelane foi liberada e p ex-marido foi preso.
Em menos de três meses, o número de mulheres assassinadas em Sergipe chegou a quatro. No último dia 28 de fevereiro, Jordana Aparecida Luciano, 31, foi morta a facadas no Loteamento Copacabana. Segundo informações da polícia, a suspeita da família recai sobre o ex-marido da vítima.
No dia 26 de fevereiro, um ex-presidiário matou sua ex-esposa ao disparar três tiros em sua cabeça. Maria Petrucia Santos, 29, caminhava nas imediações da avenida Santa Gleide junto com seus dois filhos no momento em que Daniel Ferreira Barbosa, 27, conhecido como ‘Galeguinho’, efetuou os disparos.
Por fim, a psicóloga explica que o ciumento é capaz de criar em sua cabeça fatos e estórias que realmente não aconteceram, mas imaginam que sim. “Às vezes parece delirante e em casos mais graves pode ser delirante mesmo. Não conseguir superar uma perda, deprimindo-se, perdendo o sentido da vida é sinal de que aquela pessoa estava delegando ao relacionamento algo além da competência dele. A psicoterapia de casal é muito eficiente para que estes possam perceber a dinâmica que se desenrola entre eles e pode ajudar em casos limite como o ciúme torturante.
Orientações
Uma orientação para o ciumento contumaz: “Não subestime seus sintomas, nem imagine que isto seria uma situação para "deixar pra lá". Procure ajuda para que você possa viver melhor encarando o amor e a pessoa amada como partícipes da sua felicidade e não algozes dela”, orienta.
por infonet.com.br

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