segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

751 pessoas assassinadas este ano em SE

O ano ainda não acabou e Sergipe já contabiliza 751 assassinatos ao longo dos 11 meses de 2012, o que equivale a uma média de 68 pessoas assassinadas, por mês. Neste mesmo período do ano passado este número foi de 650, o que representa um acréscimo de 15,5%. O mês de janeiro foi que mais se registrou homicídios em 2012, com 87 vítimas de homicídios. Os dados são do Instituto Médico Legal (IML).
Na capital sergipana foram 231 homicídios de janeiro a novembro, o que equivale a 21 assassinatos por mês. O maior registro foi em maio com 28 homicídios. Na Grande Aracaju (que abrange os munícipios de Barra dos Coqueiros, Nossa Senhora do Socorro, Itaporanga e São Cristóvão), ao longo deste ano foram 146 pessoas assassinadas. No interior do Estado, os números chegaram a 374 assassinatos, tendo a cidade de Itabaiana como o maior número de crimes contra a vida, com 58 pessoas, o que dá uma média de 5,27 homicídios mensais.

Foto: Jadilson Simões/ Equipe JC
Ao longo deste ano, vários crimes ganharam repercussão na opinião pública. Em Aracaju, o triplo homicídio dentro das instalações do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), no dia 27 de abril; os dois jovens assassinados na segunda noite do Pré-Caju; além da morte do motorista Leidison Reis dos Santos, 38 anos, dentro das dependências do shopping Jardins, no dia 11 de fevereiro, além de dois policiais militares mortos, em menos de 15 dias, um na porta de uma loja de material de construção no bairro Santa Maria e outro em um ponto de ônibus na avenida Euclides Figueiredo, quando aguardava para ir trabalhar no Carnaval.

Na Grande Aracaju, dois crimes chocaram a população, ambos na cidade de Nossa Senhora do Socorro. Em agosto, Luiz Guilherme Ramos Bento, de um ano e oito meses, morreu carbonizado, enquanto sua mãe Isadora Ramos Teles, 19 anos, ficou com 30% do corpo queimado. Em maio, a jovem Aislaine Maria, 20 anos, grávida de oito meses, teve o corpo queimado, no loteamento Parque dos Faróis. O marido Alex Oliveira, 25 anos, foi preso acusado pelo crime, e o bebê sobreviveu.

No interior do Estado, a morte do jovem Jonatha Carvalho dos Anjos, 16 anos, registrada em 13 de março, que segundo a família, foi assassinado junto com mais três pessoas após uma operação policial na rodovia SE-304, que dá acesso ao município de Neópolis, também ganhou destaque na opinião pública. Em Estância, ocorreu a morte do professor Edivanildo Marcelino Pereira, 39, mais conhecido por Didjio, assassinado por dois adolescentes, após ter negado emprestar uma motocicleta. Em outubro, o assassinato do radialista Edmilson de Jesus, de 40 anos, conhecido como "Edmilson dos Cachinhos", morto dentro do estúdio da emissora.

Para a professora licenciada do curso de Direito da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e da Faculdade Pio Décimo, Denise Leal Fontes Albano, que foi vice-coordenadora no âmbito da UFS da Rede Nacional de Altos estudos em Segurança Pública (Renaesp), o índice de homicídios vem crescendo a cada ano no Estado, com exceção dos anos de 2004 e 2005, nos quais ocorreram reduções. Segundo estudiosos, isso se deveu à campanha do desarmamento.

Segundo Denise Leal, existe um consenso entre os estudiosos de segurança pública que a violência é um fenômeno complexo e que existem algumas hipóteses levantadas para o crescimento em todo o país. Uma seria o aumento do consumo de drogas, principalmente o crack, por ser mais barato; outra, a ausência de políticas públicas consistentes; e a interiorização da violência. "Este último caso é preocupante, principalmente aqui no Nordeste", afirmou a professora.

Denise Leal cita um programa implantado na cidade de Recife (PE), como exemplo de tentativa para reduzir os altos índices de violência. "Pacto pela vida", como é intitulado o programa na capital pernambucana, segundo a professora, tem conseguido reduzir os crimes na cidade. "É uma gestão integrada entre os diversos órgãos de segurança", explicou ela. Segundo Denise, para conter a violência é necessária a articulação de todos os outros setores da segurança pública, principalmente na parte de prevenção. "Lamentavelmente, no Brasil, os setores estão de costas um para os outros", salientou.

A professora também criticou a falta de qualidade nas polícias técnicas do país. "A polícia investiga mal. Costumo dizer que não há crime sem prova. Não adianta chegar equipamento, se não há uma equipe preparada", disse Denise Leal, ao lembrar que não há concurso público para técnicos peritos há 30 anos em Sergipe. Ela enfatizou que os governos têm elevado os investimentos em segurança pública, mas falta qualificação, principalmente no que se refere à gestão de informação.

SSP

O secretário-adjunto da Secretaria de Segurança Pública (SSP), João Batista Santos Júnior, explicou que o crime de homicídio teve um ligeiro aumento no ano de 2012, inclusive em estados cujo problema parecia resolvido, como em São Paulo. "No Nordeste o problema é mais grave devido à invasão do crack e outras drogas, sendo tal afirmação comprovada no elevado número de apreensões de drogas e prisões de traficantes", disse. Somente na última quinta-feira, 13, foram incinerados pela polícia sergipana, 460 quilos de crack, cocaína e maconha apreendidos em diversas operações. Ao longo de 2011 e 2012, foi igualmente eliminada uma tonelada e meia de entorpecentes.

"Vale ressaltar que vários fatores contribuem para o crime de homicídio, mas a ligação das vítimas e dos autores com o mundo do tráfico é um dos principais motivos. Temos trabalhado para diminuir esta estatística, aumentando o policiamento ostensivo em municípios com os maiores índices de ocorrência, fortalecendo a integração da polícia com a sociedade e dando condições de trabalho aos policiais", disse João Batista. O secretário-adjunto ressaltou que as pessoas que cometem este tipo de crime em Sergipe não ficam impunes. "Os números de elucidação de homicídios da Polícia Civil de Sergipe são reconhecidamente um dos mais altos do país", rebateu.

Segundo o secretário-adjunto, o trabalho de inteligência que está sendo feito na região Centro-Sul do Estado, em especial na cidade de Lagarto, permitiu que o crime de homicídio caísse cerca de 80% em 2012. "Temos consciência do tamanho do nosso desafio, mas conclamamos a população a nos ajudar nessa luta, denunciando os criminosos. Pode ligar 181 e fazer a denúncia, pois a informação é anônima e será checada com muito respeito", finalizou.

O IML também divulgou dados referentes às mortes por acidentes de trânsito. De janeiro a novembro do ano passado, foram 599 mortes nas ruas e rodovias em Sergipe. Este ano, no mesmo período, este número cresceu para 651, o que representa um aumento de 8,68% no número de vítimas. O mês de agosto foi o mais violento no que se refere em mortes no trânsito, com 74 vítimas.

Do total de mortes no trânsito em Sergipe, 130 foram na capital, entre eles a morte de um casal de jovens no mês de março, no bairro Atalaia. Wesley Ferreira Reis, 15 anos, conduzia uma motoneta, e sua namorada a estudante Milena Thais Menezes Carvalho, 14 anos, vinha na garupa quando o veículo bateu em um ônibus. Ela morreu no local e ele não resistiu aos ferimentos e acabou falecendo quatro dias depois no Huse.

No interior do Estado, em julho, duas pessoas morreram e 18 ficaram feridas após um caminhão carregado de laranja capotou no povoado Colônia Sergipe, que fica localizado na Rodovia SE-302 entre os municípios de Indiaroba e Umbaúba. A maioria dos trabalhadores viajava em cima da carga. Um mês depois, três pessoas morreram em um acidente registrado na BR-101, município de Estância. Um veículo Escort colidiu com um cavalo e acabou atingindo um bar. Duas pessoas que estavam no estabelecimento morreram na hora. O motorista do carro também morreu no acidente.

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