sexta-feira, 18 de maio de 2012

Família enterra bebê decapitado durante o parto em Aracaju

Ele se chamaria Neymar em homenagem ao jogador de futebol.

            Mãe do bebê não pode acompanhar o enterro, pois está se recuperando dos procedimentos médicos (Foto: Marina Fontenele/G1 SE)
O menino que teve a cabeça separada do corpo durante o parto foi enterrado na tarde desta quinta-feira (17) no Cemitério São João Batista em Aracaju, em Sergipe. Inconformada e sem saber direito o que aconteceu, a família se despediu da criança em uma cerimônia simples.
Segundo a avó paterna da criança, Jaqueline de Jesus, o bebê que nasceu com 5,635 quilos e mais de 50 centímetros se chamaria Neymar Jefferson Jesus São Matheus. “O clima está tenso na minha casa, está todo mundo muito triste inclusive eu que escolhi o nome dele. Eu sou fã do rapaz que joga bola e achei o nome bonito então coloquei assim que soube que era um menino. Minha nora aceitou porque disse que eu também sou quase mãe dele”, conta.
Neymar Jefferson era o quarto filho da jovem de 22 anos, o restante da prole tem entre 10 anos e um ano e meio. “A gente pensava que receberia ele em casa com vida e não assim do jeito que ele estava com a cabeça separada do corpo para depois juntar. Isso está me machucando muito, não estou nem acreditando que aconteceu isso”, revela Jaqueline.
Maria José conta o pesadelo que a família está vivendo (Foto: Marina Fontenele/G1 SE)
Sem respostas

O pré-natal começou aos cinco meses e que desde então não havia sido identificado nenhuma anormalidade na gravidez. “Não tem nem 15 dias que ela foi para Dr. Raul lá no Posto de Saúde do bairro Veneza I onde a gente mora. Ele disse que estava tudo ok com a criança e que em até duas semanas ele nasceria, foi dito e certo”, afirma Maria José Vieira dos Santos, mãe da gestante.

A família suspeita de negligência médica, pois a criança era muito grande e ainda assim os médicos tentaram fazer o parto normal. Como os ombros do menino não passaram, a cesariana foi a saída para retirar o corpo do bebê.
“A barriga dela era muito grande, parecia que eram gêmeos. Foi muita falta de responsabilidade e eu creio que lá não era médico de verdade não, porque médico com experiência e deveria saber muito bem que ali era para ser cesariana. Além disso, mandaram ela ficar de quatro para ver se o menino nascia sem contar que ela está com as partes íntimas cortadas e ainda assim não deu certo”, afirma a mãe da grávida.
Caixão é para criança de um ano, pois o bebê não cabia no de recém-nascido (Foto: Marina Fontenele/G1 SE)
Sem saída
Já o representante da maternidade afirma que a criança já estava morta no momento do parto. De acordo com João Maria, diretor clínico do hospital, a paciente apresentava 9 cm de dilatação e o feto não tinha batimentos cardíacos, ou seja, já estava morto.
“Ao entrar em trabalho de parto, percebemos que havia um problema no ombro do bebê. Apesar da cabeça ter passado pela vagina da mãe, o corpo da criança ficou impedido de sair por causa da bacia da dela. Tentamos vários procedimentos cirúrgicos, mas a única solução encontrada foi a ‘degola cirúrgica’, ou seja, tivemos que remover a cabeça do bebê”, explica o médico.
Maria José, Jaqueline e o restante da família presente no enterro do recém-nascido afirmam que ele só morreu no parto por falta de cuidado médico. “Eu e todos os parentes sabemos que o bebê estava vivo porque a gente o via se mexendo até no dia do nascimento”, garante a avó materna.
O corpo da criança ficou no necrotério da Maternidade Santa Isabel até o final da manhã desta quinta (17) e não chegou a ser encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML). A jovem mãe não pode acompanhar o enterro porque está em casa se recuperando.
“Ela está em estado de choque, mas já está na casa da sogra dela para se recuperar dos ‘dois partos’ que ela passou. Um normal que eles forçaram muito e um cesariano para ter o mesmo bebê. Até agora ninguém sabe dizer o que aconteceu realmente”, desabafa Maria José.

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