quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Um governo empurrado com a barriga

Como a história vai classificar o Governo Marcelo Déda (PT)? Que avaliação vai receber sua gestão de oito anos 40, 60, 80 anos depois de encerrada? O que esse governo deixou para a história política de Sergipe? Claro que essas perguntas serão feitas ao final do governo e bem depois dele finalizado. Claro que as respostas serão as mais variadas, a depender dos interesses de quem as responda.

Mas com o sentimento de fim de governo que ora se tem, essas perguntas podem ser feitas. Há indicações certeiras de respostas porque o ritmo implantado pelo governador e seu ajuntamento político há cinco anos não apresenta o menor sinal de mudança, isto é, vai seguir até o prazo constitucional dos quatro anos sem novidades. Não há projeto de Estado, apenas projeções e movimentações políticas de interesses pessoais.


Para ser reeleito com mais facilidade e reduzir a possibilidade de surpresas em razão de uma primeira gestão sofrível e frustrante, o governador ampliou os acordos com gregos e troianos. Confirmado para um segundo mandato, agora amarrado a muitos mais compromissos com o atraso, encerrou este governo antes mesmo de iniciar. Sequer havia sido diplomado e a sucessão de 2014 já estava na agenda política dele, de quem o acompanha e da pontual e acomodada oposição.


O cálculo é simplório: para Marcelo Déda bastar empurrar o governo com a barriga como faz, usar o poder da caneta de governador para dar o tom da movimentação de aliados e disputar quase sozinho a única vaga de senador, sendo eleito com tranqüilidade em 2014. Para o cargo de governador? Qualquer um que se comprometa em apoiá-lo e em não mudar nada. Aliás, todos os nomes que surgem para esta tarefa – sem exceção – não têm compromisso com nenhuma mudança.


Déda é eleito governador em 2006 numa onda tardia de mudanças em Sergipe. Acreditava-se que se rompia, com sua eleição, um ciclo de autoritarismo, atraso e conservadorismo, principalmente dos últimos governadores João Alves e Albano Franco. Apostou-se na mudança, em relações democráticas, transparência, atenção as históricas reivindicações dos trabalhadores, superação do atraso, da violência. No entanto, não foi isso que se viu no geral, muito pelo contrário.


O novo governador faz uma gestão na mesmíssima linha política e administrativa dos seus antecessores. Há apenas sutis diferenças entre João, Albano e Déda. Por exemplo, qual dos últimos governadores é mais acusado de combater, perseguir, atacar, frustrar, trabalhadores, servidores públicos? 
 
O governo que prometia mudanças acabou seguindo o mesmo roteiro dos governantes anteriores, mantendo a grave situação na educação pública – com ataque pessoal ao magistério e abandono das escolas; na saúde – se resumiu apenas em algumas obras físicas de fachada; na segurança – com uma polícia sem projeto e somente de caráter violento e repressor; manteve um pacto absurdo pela continuidade dos crimes ambientais para beneficiar grandes empreendimentos privados; ampliou a política de cargos em comissão; etc, etc e etc.


O primeiro ano do segundo mandato já acabou. O 2012 o debate preponderante é o da eleição municipal e o Estado para. O 2013 é o ano dos novos prefeitos e inicio para valer das eleições estaduais de 2014. Até lá o governo será empurrado com a barriga.
 

por cristian goes

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