quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

OS VÁRIOS BRASIS!

Sergipe – todo o País – está entrando em recesso. A partir de quinta-feira o legislativo e o judiciário entram de férias. Um até janeiro e o outro se estende a fevereiro. O Executivo se mantém na ativa, mas reduz o ritmo em razão dos festejos de final de ano, que se arrastam até o Pré-Caju. Tudo vai bem. Muito bem. Um País que praticamente pára dois meses, não tem crise. Pode até ter corrupção [e como tem!], mas dificuldade não. Agora ao mar, que ninguém é de ferro. Algumas empresas também concedem férias coletivas e fecham até o início de janeiro. Preocupações às favas! Vôos ao exterior lotam neste período de crise mundial, onde o Brasil plana ao sabor do bom vento que reduz algumas taxas, expande o crédito e incentiva o consumo. Diria que estamos todos numa boa! A classe média vai ao exterior com a facilidade que viaja à cidade mais próxima do interior. É exatamente esse ar milionário que confunde as coisas. A realidade virá em fevereiro, quando o carnaval passar.

A partir de agora, tudo fica para o próximo ano. Em janeiro, penduram-se as contas e compromissos para depois do carnaval. Sempre é assim! O Brasil só desperta para a vida em março. Em São Paulo, o centro financeiro e econômico do País, é no mês de janeiro que se atravessa a avenida Paulista sem precisar olhar se vem carro ao lado. Pára tudo. É isso que eleva o País a uma condição econômica confortável, apesar da distância entre o Brasil que tira férias e o que permanece abaixo da linha de pobreza, perdidos em uma noite vazia. É o Brasil da Saúde caótica, da Educação em desalinho, da Segurança em apuros. Do crack exterminando uma juventude sem rumo. Mas também da corrupção abundante, do excesso de facilidade para aqueles que metem a mão no dinheiro público e que se mostra eternamente grato e caridoso com uma elite que se põe acima dos podres poderes e o manipula. No sertão do Nordeste, sob um sol forte, o homem continua lutando por chuva. Uma tristeza. Enquanto ela não vem, sente fome e sede... e sofre.

Esse contraste, entre os vários brasis – o que viaja e se diverte, o que chora por falta de chuvas, o que vive nas periferias e rincões e aqueles que chegaram à sarjeta através do crack assassino – é que se percebe, com uma certa facilidade, que ainda não se encontrou um Brasil para todos. Nem antes, nem agora e sem perspectiva de que isso aconteça num futuro próximo. 

por Diógenes Brayner

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