terça-feira, 19 de outubro de 2010

É DE ASSUSTAR !!!


Tão logo foram divulgados os resultados finais das eleições de 3 de outubro, o governador Marcelo Déda, reeleito para o cargo, com 52% dos votos, mas perdendo em Aracaju e cidades como Socorro e Barra dos Coqueiros, fez uma espécie de mea culpa, dizeno que as urnas mandavam um recado para ele e o seu partido, o PT.

Na interpretação de Déda, um desses recados significava que o sistema de Saúde do Estado precisava de mudanças radicais. Não era isso que dizia sua propaganda no primeiro turno das eleições, mas ele interpretou que as urnas falavam que o povo queria mudanças no eixo da Saúde. Tanto é que ele anunciou “dois secretários” para a pasta: um técnico e ele próprio, governador Marcelo Déda, com vistas a fazer com que o aparelhamento da Saúde caminhe em linhas menos desgastantes.

Na semana passada veio a notícia de que o Tribunal de Contas, fruto de uma inspeção iniciada em maio, estava com um relatório-bomba sobre o Hospital João Alves Filho. O relatório deveria permanecer sigiloso até que chegasse ao endereço do Palácio de Despachos, ou seja, ao gabinete do governador.

O próprio presidente do Tribunal de Contas, Reinaldo Moura, nas muitas entrevistas que concedeu desde então, confirmava o relatório, citava alguma coisa pinçada dele, mas que só seria divulgado tão logo o governador tomasse conhecimento do seu inteiro teor.

Não deixa de ser estranho esta preferência do Tribunal de Contas. Como órgão auxiliar da Assembleia – os conselheiros e auditores, de um modo em geral, têm ojeriza a esta vinculação –, o relatório deveria ser enviado, também, e com urgência, à Assembleia Legislativa, que, afinal de contas, é o órgão fiscalizador do Executivo.

Pelo que já se sabe do relatório, ele é por demais contundente, para que o governador espere até iniciar-se o seu segundo mandato para tomar as devidas providências. O relatório cita, por exemplo, na área de infecção hospitalar, “a precariedade das condições oferecidas a fim de combater a infecção hospitalar, provocada pela insuficiência e precariedade das instalações e pela insuficiência ou falta de material, a exemplo de sabão líquido, de papel toalha e de álcool gel”. Mais adiante: “A essa situação, soma-se o fato de que não existe adesão da equipe multidisciplinar às políticas de controle de infecção hospitalar e a escassez de pessoal treinado prejudica, sobremaneira, a segurança e a assistência eficaz aos pacientes”.

Na unidade urgência/emergência foi constatado um grande elenco de irregularidades, como “deficiência de equipamentos estetoscópios, tensiômetros, oxímetros e larigoscópios, falta de dispensadores de sabão líquido e papel toalha, paredes sujas e com infiltrações e fiação elétrica exposta na área de preparo de medicação. Na enfermaria pediátrica, a situação é a mesma e na sala de aerossol as conexões utilizadas são insuficientes, sendo usadas em várias crianças sem a devida desinfecção”. Na UTI pediátrica, “os berços não têm grades de proteção e o sistema Fowler está danificado”.

O relatório vai mais longe: “Quanto às irregularidades operacionais (...) constata-se que a situação do hospital beira o caos, fazendo-se mister a adoção de medidas urgentíssimas a fim de melhorar a situação da saúde no Estado”.

É isso aí: o governador tem que ler este relatório com a máxima urgência, se não já o leu, e tomar medidas em caráter de urgência urgentíssima. Não dá para esperar muito tempo.

FONTE: editorial do jornaldacidade.net

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